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[Resenha] A Casa no Mar Cerúleo – TJ Klune

[Resenha] A Casa no Mar Cerúleo – TJ Klune

Minha nova meta de vida é fazer o máximo de pessoas que eu conheço lerem esse livro!


“A Casa no Mar Cerúleo”, escrito por TJ Klune, conta a história do assistente social Linus Baker, um homem de 40 anos que trabalha no Departamento Encarregado da Juventude Mágica, ou DEDJUM. Ele visita orfanatos que cuidam de crianças fantásticas – que têm poderes, ou são criaturas – crianças não humanas, e o trabalho dele é verificar se elas são bem cuidadas, bem educadas, e se o orfanato funciona de acordo com as regras e leis do departamento. Caso ele veja algo fora da lei ou fora do esperado, são seus relatórios que podem fazer esse orfanato ser fechado. 

E esse é o dia a dia de Linus. Fazer os relatórios detalhados, sucintos, e com o distanciamento profissional que sempre prezou. Trabalhar em uma sala gigante, lotada de outras mesas com outros assistentes. Voltar para casa embaixo de chuva. E ser ignorado pela gata Calliope, que ele nem sabe se gosta dele mesmo, enquanto escuta seus discos de vinil em sua velha vitrola.

Uma rotina solitária, sem amigos, sem família, mas que Linus considera normal – afinal, quem tem tempo para outras coisas além do trabalho difícil que precisa fazer?  Às vezes, ele se pega pensando em como seria viajar para a praia, como na foto do mousepad que ele usa todos os dias. Não há tempo para isso. 

Tudo isso vai mudar de um dia pro outro, quando Linus é chamado pelo Altíssimo Escalão. Ninguém nunca fora chamado lá antes, nem ele sabia quem eram as pessoas que presidiam esse escalão. Claro que seria demitido, qual outro motivo teria para ser chamado para falar com os chefões, mesmo depois de dedicar a vida – e a saúde – por 17 anos nesse emprego? 

Entre muitas perguntas e poucas respostas, Linus recebe uma missão muito importante e altamente secreta: visitar o orfanato da ilha de Marsyas, da qual ele nunca havia ouvido falar, e passar um mês inteiro convivendo com as crianças e o diretor. Seu objetivo era investigar não apenas as condições de moradia de lá, mas também se as seis crianças seriam capazes de trazer o fim do mundo. 

Um mês? Ele nunca havia passado mais do que uma tarde em contato com os órfãos que conhecia. E ainda tinha que relatar seu convívio para o Altíssimo Escalão uma vez por semana, sem deixar nenhum detalhe de fora – era um dos motivos de ter sido escolhido para essa investigação, seus relatórios extensos e honestos. 

Mesmo com mais dúvidas do que certezas, ele aceita a tarefa – não que tenha tido a escolha de não ir – e pensa que em seus 40 anos de vida, e 17 no DEDJUM, não havia como se surpreender com nada. Certo? O que poderia dar errado durante esse mês de trabalho em campo? 

Era só mais uma visita, apenas para averiguar sobre o Orfanato de Marsyas. Nada de mais.

Porém, todos os medos de Linus ganharam força quando viu que teria que conviver com uma gnoma, uma sprite (uma espécie de fada), uma criatura verde gelatinosa com tentáculos, um garoto que se transforma em cachorro, uma serpe (parece um dragão), e o próprio anticristo. Agora, tudo poderia dar errado. 

Linus encara a maior missão de sua vida, e descobre que nem tudo que ele conhece pode ser encaixado no livro de Regras e Regulamentos. Até que ponto o trabalho dele era essencial? Qual era o limite entre ser um assistente social empático e ter o poder de destruir um lar? Quem eram os vilões reais nessa história? 

E o mais importante e confidencial: quem é Arthur Parnassus, o misterioso diretor do orfanato, do qual nem o Altíssimo Escalão tem informações? 

 


Vou começar essa resenha dizendo que esse é meu novo livro preferido da vida, entrou pro top 3, e foi o favorito do ano – não importa quantos outros eu consiga ler até dezembro. 

Desde o primeiro momento, eu simpatizei com o Linus e quis ser amiga dele. Claro, ele é um pouco rabugento e até mesmo grosseiro às vezes, mas tudo que faz é pensando que está fazendo o melhor. O trabalho dele tem que ser levado muito a sério, e ele não conhece nada além daquilo. Mas você sente que, por trás daquela casca que ele criou para se proteger, existe um homem solitário demais, que não tem tempo nem para si mesmo. O único mundo que conhece é o trabalho. 

Então, acompanhar toda essa nova rotina dele é como ver essa barreira se quebrando aos poucos. O medo que ele sente ao chegar no orfanato é real, mas sua preocupação pelo bem estar das crianças é colocada em prova no primeiro momento em que chega lá, quando se vê ameaçado pela voz do pequeno Lucy – que inclusive foi minha criança preferida. 

O livro trata muito sobre esse preconceito que as crianças fantásticas sofrem, e muitas cenas me deixavam com o coração apertado em saber da violência e abusos que algumas sofreram, apenas por serem diferentes do comum. O que também revolta Linus, quando ele argumenta que não importa o que sejam, continuam sendo crianças! E essa reflexão sobre o preconceito se estende ao nosso mundo real também – quantas pessoas são marginalizadas apenas por não seguirem o “normal”? 

Todas as crianças chegaram ao orfanato de Marsyas após sofrerem algum episódio ruim, e encontraram ali um lar, um novo recomeço. E saber que o Linus tinha a responsabilidade de poder fechar aquele lugar me dava até uma angústia, então torci o livro inteiro pra que nada desse errado, pra que nenhum acidente pudesse acontecer e mudasse a cabeça dele. E claro que algumas coisas acontecem, mas não vou contar pra não dar spoiler! 

E falando nelas, é muito incrível ver o crescimento das crianças quando o Linus chega – afinal, elas sabem do que ele é capaz, e precisam provar que aquele é um lugar seguro para ficarem. Mesmo entre ameaças e desconfianças sobre ele, todas elas começam a tratar o Linus como alguém que sempre esteve lá, e não um assistente social. Mesmo as mais receosas da visita dele. 

Talia, Phee, Chauncey, Sal, Theodore e Lucy vivem juntos, cada um à sua maneira, cada um com seu sonho. Elas sabem que o mundo não se resume ao orfanato no alto da colina, só que também não imaginam que as outras pessoas podem não ser tão abertas e receptivas. A inocência ainda existe, e tudo que você quer fazer é proteger cada um deles. 

“Até mesmo os mais corajosos de nós às vezes sentem medo. Só não podemos deixar o medo se tornar tudo o que conhecemos.”

E sobre o Arthur… ah, o Arthur. Ele é o personagem mais complexo mesmo, eu tive muitas dúvidas enquanto lia, e ainda assim fui me apaixonando a cada cena que ele aparecia, todas as conversas difíceis que ele tinha com o Linus, as discussões dos dois, o lado emocional e racional brigando, o modo como ele protege e defende todos no orfanato. Tudo isso foi se acumulando em mim, e a última coisa que eu esperava era um plot twist acontecendo por causa dele. (também não vou contar nada, é uma das cenas mais tristes e importantes do livro)

Só sei dizer que me apaixonei muito, o mundo precisa de mais pessoas como o Arthur!

 

“A Casa no Mar Cerúleo” é uma grande lição sobre empatia, enxergar o próximo pelo que é, ver a beleza em cada pessoa, descobrir que família também é algo que se cria, e que pode existir onde você menos espera. É sobre amor, sobre sair da zona de conforto, sobre lutar por quem você ama e ir contra o que é errado no mundo. 

É sobre não ter um relógio te ditando que é tarde demais para se arriscar, e que sua vida pode recomeçar no momento em que você decide que chegou a hora. 

Eu poderia ficar horas falando sobre esse livro, mas vou encerrar a resenha por aqui. 

Espero muito que você tenha gostado, e obrigada por ter lido! Te vejo no próximo post!

Xoxo, Dora.


Se quiser ver a resenha que fiz em reels, acesse meu instagram e veja o vídeo mais recente. 

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Um comentário em “[Resenha] A Casa no Mar Cerúleo – TJ Klune

  1. Não sabia que tava sentindo tanta falta de LER uma resenha literária até chegar aqui. Que bom que você voltou ♡

    Ja está na minha lista de livros a serem lidos, com certeza!!

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